Quem
é o fundador de Piripiri?
O
homem que fundou Piripiri chamava-se Domingos de Freitas Silva, nasceu na
Vila da Parnaíba em 1798. Era filho caçula de Domingos de Freitas Caldas e de
Rita Maria de Almeida e tinha como irmãos: José Catarina De Sena e Silva, Maria
Rita da Silva e Bernardo de Freitas Caldas. Teve como padrinho de batismo o
vigário da Vila, o Padre Henrique José da Silva, do qual herdou o último
sobrenome.
Seu
pai era de origem portuguesa e estava ligado por laços de parentesco e amizade
aos Dias da Silva, uma importante família que durante gerações liderou os
caminhos da Vila da Parnaíba. Esta ligação lhe valeu durante anos, o cargo de
escrivão do cartório da referida vila, que mais tarde passara as mãos de
Bernardo de Freitas, irmão mais velho do fundador, que juntamente com diversos outros
nomes parnaibanos, figuraram no processo de independência do Piauí em 1822.
Detalhes
de sua infância são desconhecidos, conseguimos coletar apenas que Domingos de
Freitas revelou-se um jovem inteligente, o que lhe valeu por parte de seu
padrinho de batismo o custeio de seus estudos na escola e posteriormente no
seminário, onde se ordenaria presbítero secular em São Luís do Maranhão. Regressando
à terra natal, exerceu atividades eclesiásticas e de regente da cadeira de latim
até o rompimento do movimento de Independência do Piauí, quando se refugiou em Granja
no Ceará, acompanhando seu irmão Bernardo e os outros líderes do levante.
Ao
retornar da fuga, abrigou-se em terras da freguesia de Piracuruca. Não se sabe
o real motivo de sua vinda, algumas hipóteses levam a idéia de perseguições. Ou
motivos políticos ligados ao movimento de independência, ou motivos pessoais,
entre eles desavenças com familiares de uma mulher que ele resolvera abraçar
como companheira: a jovem Lucinda Rosa de
Sousa, que viria a ser mãe de cinco e seus doze herdeiros. Ela era membro
da família Silva Henriques, outra influente família Parnaibana. Um momento
crucial na vida do fundador de Piripiri foi a notícia da contratação de um assassino
de aluguel para lhe eliminar. Franco Cascavel era o nome do pistoleiro. Sobre
este episódio, Judith Santana em sua obra - O
Padre Freitas de Piripiri, relata:
“Na noite de 23 de junho de um ano
daquele começo do século XIX, estavam alguns rapazes e moças festejando o São
João na porta da Igreja matriz de Nossa Senhora do Carmo em Piracuruca. Como de
costume, faziam experiências para desvendar o futuro. Uma bacia com água estava
à disposição das pessoas que quisessem participar da brincadeira. Quem não
visse a sua imagem refletida na água benta em volta da fogueira não veria o São
João do Ano Seguinte. Um rapaz que ali se encontrava com a noiva disse que não
ia olhar, pois sendo jovem, sabia que viveria muitos anos. A dois passos estava
Franco Cascavel. De repente caiu o jovem. Caiu morto. E Franco Cascavel disse,
retirando-se: Foi cascavel, mas não fui eu! E desapareceu. Dois homens que
procuraram socorrer o rapaz encontraram enfiado em suas costas um punhal
envenenado. Não havia dúvida. Fora o Cascavel. As autoridades responsáveis pela
segurança da Vila, informadas de que o assassino era o pistoleiro que andava à
procura de Domingos de Freitas e Silva,
a mando de um dos chefes da Vila da Parnaíba para tirar-lhe a vida, despacharam
soldados em diligências, perseguindo-o. Conseguiram encontrá-lo em Barras,
ponto de parada para descanso no Trecho Piracuruca a Livramento. E começou um
terrível tiroteio. De um lado a violência dos soldados. Do outro, Franco
Cascavel atirando, defendendo-se, resistindo sozinho. Por fim, caiu morto
atingido por um tiro.(...)”
Depois
deste incidente ele passou a viver na Fazenda Gameleira, juntamente com sua
companheira D. Lucinda, suas duas filhas de outro matrimônio - Lucinda Rita da
Silva e Joana Paula da Silva, e os filhos frutos da união do casal: Domingos de Freitas Silva Júnior, Porfírio
de Freitas e Silva, Raimundo de Freitas e Silva, Amélia Clemência da Silva e
Antônio Francisco de Freitas e Silva. A três de junho de 1839, na Fazenda
Gameleira, morre sua primeira companheira cujo corpo fora sepultado na Igreja
de Nossa Senhora do Carmo em Piracuruca. No ano seguinte, 1840, Domingos de
Freitas, já morando com sua nova mulher, D. Jesuína Francisca da Silva, adquire
terras na Data Botica, dando início à ocupação das terras que daria origem a
cidade de Piripiri. Desta segunda união nasceram mais sete descendentes: Henrique de Freitas Silva, Raimunda
Francisca da Silva, Antônio de Freitas Silva Sampaio, Rita Maria de Almeida e
Silva, Maria Justiniana da Silva, Umbelina
Inácia da Silva e Aureliano de Freitas Silva. Destes doze filhos
reconhecidos em seu testamento, se ramificaram diversas outras famílias
presentes até os dias atuais na cidade de Piripiri.
Em
1862 o Padre Freitas redige seu testamento e deixa claro as suas vontades
mortuárias:
“Meu corpo será sepultado na Capela de
Nossa Senhora dos Remédios, ereta a minhas expensas caso faleça neste lugar de
Piripiri por mim fundado; meu enterramento será feito com o acompanhamento de
meus irmãos sacerdotes, que existirem no lugar(...)No dia de meu enterro darão
meus Testamenteiros trinta mil réis de esmolas aos pobres, que acompanharem o
meu corpo a sepultura, com igualdade, e mandarão dizer a missa de Corpo
presente(...)”
Sobre
os seus últimos dias, Judith Santana ainda nos fala:
“Mas à medida que o tempo passava
iam-lhe chegando os achaques da idade, os sintomas de um câncer externo
minando-lhe o organismo. Começava a decadência física muito embora o espírito
ainda não estivesse embotoado pela arteriosclerose. E a 26 de dezembro de 1868,
aos 70 anos, faleceu. Encerrava-se a trajetória terrena de um home digno de
aplausos piripirienses de todos os tempos. Deixava o Padre Domingos de Freitas
Silva o seu nome escrito nas páginas da história da terra por ele fundada e
amada.”
Seus
pedidos foram cumpridos, seu corpo foi sepultado na capela por ele fundada. Porém
em nome do “progresso” seu corpo foi transladado. Sobre este fato, Cléa Rezende
Neves de Melo nos fala em sua obra Memórias
de Piripiri, páginas 99 e 100 sobre estes fatos ocorridos no presente ano:
“1940 – O Prefeito Nelson Coelho de
Rezende inaugura o calçamento da Rua João de Freitas e um obelisco marcando o
local onde estava a primeira capela de N. S. do Rosário e o túmulo do fundador 1940 – Inaugura-se, em 19.09 a segunda
capela de N. S. do Rosário, construída para receber os restos mortais do
Fundador, transladados da primeira capela, que foi demolida. A construção,
homenagem do povo piripiriense, em terreno doado pela Srª Carolina de Moraes
Aguiar e Silva, esposa de João de Freitas e Silva, bisneto do fundador, serve
de jazigo perpétuo do Pe. Domingos." (imagens 2 e 3)
foto 2 (construção do calçamento da rua João de Freitas)
autor desconhecido
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é bastante visível que hoje em dia, uma das pessoas mais preocupadas com a história de nossa cidade é você professor Marcão, que disponibiliza parte do tempo corrido de professor para pesquisar, escrever, divulgar nossa história, não deixando esquecida a memória da cidade piripiriense. Parabéns pela iniciativa. E uma sugestão,que o senhor também faça uma página no facebook, para que toda atualização desse blog seja divulgada lá assim levando os curiosos a vir a esta página beber da fonte da história. Abraço.
ResponderExcluirMuito obrigado Rafael Monteiro. Pode ter certeza que estas suas palavras me dão força para continuar nesta batalha! E pode ter certeza de que estamos providenciando esta página no facebook. Obrigado pela sugestão! abraço.
ResponderExcluirMEU CARO MARCO, NÃO ENTENDI QUANTO À CONSTRUÇÃO DA CAPELA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO. O CORRETO NÃO SERÁ CAPELA NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS?
ResponderExcluirA primeira Capela era nominada de Nossa Senhora do Rosário em homenagem aos negros que lhe acompanhavam (1844). No dia 16 de outubro de 1853, em homenagem a meu bisavô - Antonio de Freitas e Silva Sampaio - alterou o nome da Capela para Nossa Senhora dos Remédios. Com a destruição da primeira Capela e a construção da atual ficou a "confusão de qual devoção": Nossa Senhora dos Remédios e/ ou Nossa Senhora do Rosário, já que havia Igreja com a devoção de Nossa Senhora dos Remédios.
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